"Pedaços de papel" é uma obra leve, despretensiosa, fluida. Mantém na essência a simplicidade dos bilhetinhos de papel que embasam os primeiros escritos do autor. Os textos são delicados, inquietantes, reflexivos, pois carregam as marcas da vida; as diferentes ocasiões em que o escritor se pôs a pensar sobre fatos do cotidiano, acontecimentos pessoais e os sentimentos envoltos em diversos momentos da sua história. Romenil Souza é um escritor versátil: conseguiu transferir o jeito de ser, calmo e simples, ao conteúdo do livro. Na primeira parte da obra, intitulada "Memórias", apresenta seu modo peculiar de ver o mundo e de escrever sobre isso, e convida o leitor para, caso queira, dar uma espiadinha na passagem do tempo, contida neste fragmento de poema: "E o sol se apressou em nascer, flertando, acendendo as folhas, o espelho d'água, o dia". Para apreciar a segunda parte da obra, designada pelo autor como "Momentos", é possível que você se depare com a sensação de contentamento, tal como ele a descreve no poema "Risos": "Ela tem dez risos diferentes, tem mais. E, cada um, um laço. E ri com olhos, andando o olhar de ternura. E pode fazer o que quiser". A terceira parte da obra foi reservada para tecer uma escrita em torno de reflexões. Aqui, o autor traz como motes poemas mais intensos com múltiplas abordagens. Assim, temas como superação, medo, fé, amor, mulheres, surgem a cada virar de páginas. É desta parte o poema "Aos olhos de Deus", que diz: "Em cada um de nós habita um leão, que, tocado por Deus, persiste de pé, diante de todo o mal". "Pedaços de papel", o livro que agora chega ao público, nasce, portanto, da junção poética de pitaquinhos de memórias, momentos e reflexões vivenciadas pelo escritor Romenil Souza. E os fragmentos de textos que nasceram soltos, escritos um por um, formam agora o conjunto da obra e se tornam um delicado convite; portanto, aprecie-os de um jeito novo, rumo à liberdade que só os bons escritos podem conduzir.