“Quando os netos dos meus netos me chamarem bisavô, bem dizer a minha sorte!”
Os poemas de Joaquim José de Souza Mello levarão o leitor a um mergulho no passado transitando pelo presente. Provido de sensibilidade aguda, escreveu uma obra visionária. À medida que se aprofunda na leitura, depara-se com uma temática totalmente conectada com os dias atuais e isso nos arrasta à curiosidade em conhecer o homem, o literato e o exportador de café. Seus poemas trazem indagações e até mesmo um estranhamento quanto à temática. Como um homem nascido em 1845 atravessou o labirinto da atemporalidade? Versos irônicos ou filosóficos trazem reflexos de sua inquietação diante de uma sociedade com concepções resignadas da realidade. “O Brasil pelo que vejo representa um caranguejo que com pernas de gigante o que andou pra diante hoje desanda pra trás”. Defensor da natureza, a elegeu como principal inspiração. “Madeiros de obra prima em cinzas se consomem sem que jamais se extinga a sede das ambições”. J. J. Souza Mello reservou à mulher um lugar de destaque e de enaltecimento.
“Fê-la a mais sujeita, em vez de dominar é dominada; pecadora… não a repilas tu, sociedade quando em teus palcos tanta infâmia medra”. Considero conveniente uma leitura atenta da introdução e das notas que visam elucidar, minimamente, os poemas.
Foi um desafio retirar das gavetas dos netos e netas os poemas de meu bisavô e trazê-los à luz da publicidade para uma releitura e um estreitamento de laços do passado com o presente.